segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A Realidade oculta nas cenas "fictícias" de Matrix





1ª Parte


"Nosce te ipsum"

Esse filme é extremamente filosófico. Na cena em que o herói, Neo, é levado pelo guia, Morfeu, para ouvir o oráculo. No filme há uma sibila, a mulher que recebeu o oráculo (isto é, a mensagem) e que é, ela também, o oráculo (isto é, a transmissora da mensagem). Essa mulher pergunta a Neo se ele leu o que está escrito sobre a porta de entrada da casa em que ele acabou de entrar. Ele diz que não. Ela lê para ele as palavras, explicando-lhe que são de uma língua há muito desaparecida, o latim.

O que está escrito? Nosce te ipsum. O que significa? "Conhece-te a ti mesmo". O oráculo de a Neo que ele e somente ele poderá saber se é ou não aquele que vai livrar o mundo do poder da Matrix e, portanto, somente conhecendo-se a si mesmo ele terá a resposta.

Poucas pessoas que viram esse filme compreendem exatamente o significado dessa cena. Ela é a representação, no futuro, de um acontecimento do passado, ocorrido há 23 séculos, na Grécia.

Havia, na cidade de Delfos, na Grécia antiga, um santuário dedicado ao deus Apolo, deus da luz, da razão e do conhecimento verdadeiro, o patrono da sabedoria. Sobre o portal de entrada desse santuário estava escrita a grande mensagem do deus ou o principal oráculo de Apolo: "Conhece-te a ti mesmo". Um ateniense, chamado Sócrates, foi ao santuário consultar o oráculo, pois em Antenas, onde morava, muitos diziam que ele era um sábio, e ele desejava saber o que era um sábio e se ele poderia ser chamado de sábio. O oráculo, que era uma mulher (a sibila), perguntou-lhe: "O que você sabe?". Ele respondeu: "Só sei que nada sei". Ao que o oráculo disse: "Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe". Sócrates, como todos sabem, é o patrono da filosofia. 


2ª Parte

Neo e a Matrix

Se voltarmos ao filme Matrix, podemos perguntar por que ali foi feito o paralelo entre Neo e Sócrates. Comecemos pelo nome das duas personagens masculinas principais: Neo e Morfeu. Esses nomes são gregos. Neo significa “novo” ou “renovado” e, quando dito de alguém, significa “jovem na força e no ardor da juventude”.

Morfeu pertence à mitologia grega: era o nome de um espírito, filho do Sono e da Noite, que possuía asas e era capaz, num único instante, de voar em absoluto silêncio para as extremidades do mundo.  Esvoaçando sobre um ser humano ou pousando levemente sobre sua cabeça, tocando-o com uma papoula vermelha, tinha o poder não só de fazê-lo adormecer e sonhar, mas também de aparecer-lhe no sonho, tomando a forma humana. É dessa maneira que, no filme, Morfeu se comunica pela primeira vez com Neo, que desperta assustado com o ruído de uma mensagem na tela de seu computador. E, no primeiro encontro de ambos, Morfeu surpreende Neo por sua extrema velocidade, por ser capaz de voar e por parecer saber tudo a respeito desse jovem que não o conhece.

Várias vezes Morfeu pergunta a Neo se este tem sempre a impressão de estar dormindo e sonhando, sem nunca ter certeza de estar realmente desperto. Essa pergunta deixa de ser feita a partir do momento em que, entre uma pílula azul e uma vermelha oferecidas por Morfeu, Neo escolhe ingerir a vermelha (como a papoula da mitologia), que o fará ver a realidade. É Morfeu quem lhe mostra a Matrix, fazendo-o compreender que passou a vida inteira sem saber se estava desperto ou se dormia e sonhava porque, realmente, esteve sempre dormindo e sonhando.

Qual o poder da Matrix? Usa e controlar a inteligência humana para dominar o mundo, criando uma realidade virtual na qual todos acreditam. A Matrix é o feitiço que se virou contra o feiticeiro, a inteligência artificial que destrói a inteligência humana, porque só subsiste sugando o sistema nervoso central dos humanos.

Antes que a palavra computador fosse usada corretamente, quando só havia as enormes máquinas militares e de grandes empresas, falava-se em “cérebro eletrônico”. Por quê? Porque se trata de um objeto técnico muito diferente de todos aqueles até então conhecidos pela humanidade.

De fato, os objetos técnicos tradicionais ampliavam  a força física dos seres humanos (o microscópio e o telescópio aumentam a força dos olhos; o navio, o automóvel e o avião aumentam a força dos pés; a alavanca, a polia, a chave de fenda, o martelo aumentam a força das mãos; e assim por diante). Em contrapartida, o “cérebro eletrônico” ou computador amplia e mesmo substitui as capacidades mentais ou intelectuais dos seres humanos.


 A Matrix é o computador gigantesco que escraviza os homens, usando a mente deles para controlar seus sentimentos e pensamentos, fazendo-o crer que é real o que é aparente. Vencer o poder da Matrix é destruir a aparência, restaurar a realidade e assegurar que os seres humanos possam perceber e compreender o mundo verdadeiro e viver realmente nele. Todos os combates realizados por Neo e seus companheiros são combates mentais entre os centros de sensação, percepção e pensamento humanos e os centros artificiais da Matrix. As armas e tiroteios que aparecem na tela são pura ilusão, não existem, pois o combate real não é físico, e sim mental.



3º Parte

Neo e Sócrates

Por que as personagens do filme afirmam que Neo é “o escolhido”?  Por que estão seguras de que ele será capaz de realizar o combate final e vencer a Matrix?

Porque ele era um pirata eletrônico, alguém capaz de invadir programas, decifrar códigos e mensagens, mas, sobretudo, porque ele também era um criador de programas de realidade virtual, um perito capaz de rivalizar com a própria Matrix. Por ter um poder semelhante ao da Matrix, Neo sempre desconfiou de que a realidade não era realmente tal como se apresentava.

Sempre teve dúvidas sobre a realidade percebida e, secretamente, questionava o que era a Matrix. Essa interrogação o levou a vasculhar os circuitos internos da máquina (tanto assim que começou a ser perseguido por ela como alguém perigoso), e foram suas incursões secretas que o fizeram ser descoberto por Morfeu.

Por que Sócrates é considerado o “patrono da filosofia”?  Porque jamais se contentou com as opiniões estabelecidas, com os preconceitos de sua sociedade, com as crenças inquestionadas de seus conterrâneos. Ele costumava dizer que era impelido por um espírito interior (como Morfeu instigando Neo) que o levava a desconfiar das aparências e procurar a realidade verdadeira das coisas.

Sócrates andava pelas ruas de Atenas fazendo perguntas aos atenienses: “O que é isso em que você acredita?”, “O que é isso que você está dizendo?”, “O que é isso que você está fazendo?”. Os atenienses achavam, por exemplo, que sabiam o que era a justiça. Sócrates lhes fazia perguntas de tal maneira que, embaraçados e confusos, chegavam à conclusão de que não sabiam o que era a justiça. Os atenienses acreditavam que sabiam o que era a coragem. Com suas perguntas incansáveis, Sócrates os fazia concluir que não sabiam o que era a coragem. Os atenienses acreditavam que sabiam o que eram a bondade, a beleza, a verdade, mas um prolongado diálogo com Sócrates os fazia perceber que não sabiam o que era aquilo em que acreditavam.

A pergunta “O que é?” era o questionamento sobre a realidade essencial e profunda de uma coisa para além das aparências e contra as aparências. Com essa pergunta, Sócrates levava os atenienses a descobrir a diferença entre parecer e ser, entre mera crença ou opinião e verdade.

Sócrates era filho de uma parteira. Ele dizia que sua mãe ajudava no nascimento dos corpos e que ele também era um parteiro, mas não de corpos, e sim de almas. Assim como sua mãe lidava com a matrix corporal, ele lidava com a matrix mental, auxiliando as mentes a libertar-se das aparências e a buscar a verdade.

Como os de Neo, os combates socráticos eram também combates mentais ou de pensamento. E enfureceram de tal maneira os poderosos de Atenas que Sócrates foi condenado à morte, acusado de espalhar dúvidas sobre as idéias e os valores atenienses e, com isso, corromper a juventude.

O paralelo entre Neo e Sócrates não está apenas no fato de que ambos são instigados por “espíritos” que os fazem desconfiar das aparências, nem apenas por ambos consultarem um oráculo e receberem como mensagem o “conhece-te a ti mesmo”, e nem mesmo porque ambos lidam com matrizes.


Podemos encontrá-lo também ao comparar a trajetória de Neo no interior da Matrix com um dos mais célebres escritos do filósofo Platão, discípulo de Sócrates. Essa passagem encontra-se na obra intitulada A República e chama-se “O Mito da Caverna”

Com Filosofia - Marilena Chaui

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Brilhe, você também pode ser uma estrela!



Não tenha medo do escuro. São nesses momentos de breus que o céu inicia seu espetáculo. A lua aparece, banhando a noite com sua linda beleza prateada. As estrelas surgem para que, com seu brilho, possam nos motivar a seguir em frente. As estrelas são lindas, não é? O processo para o nascimento de cada uma delas é tão extraordinário que nos motiva a caminhar mais e mais.

Elas nascem do acúmulo de energia juntada por trilhões de toneladas de massas cósmicas. Depois de uma vertiginosa explosão, luzes são liberadas no espaço para que, logo em seguida, bilhões ou, trilhões de novas estrelas possam iluminar o espaço. Assim somos nós. Precisamos passar por momentos de tensão para nos fortalecer e em seguida ter um brilho intenso, onde nada, nem ninguém, possa apagar essa luz conquistada por cada um de nós. Seja uma estrela, pois, ela sempre brilha, e, nos momentos de escuridão, o seu brilho se torna mais intenso. Brilhe você também!


-Adriano Santos

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

À procura do antídoto



O mundo sofre de uma doença incurável. Não, não tem remédio para ao menos amenizar essa agonia; essa terrível enfermidade. O que será de nossos filhos? De nossos netos e bisnetos? O que será de nós? Convivemos diariamente com humanos, seres nefastos. Pessoas de abraços, sorrisos e palavras pérfidas que, com essas mesmas atitudes facínoras, te tratam com a maior puerilidade. Se camuflaram em um corpo de humano. Mas a mente? Antropomorfo, essa sim é a verdadeira palavra que devemos usar para referenciá-las. Agir com probidade custa caro. Custa seu relacionamento, sua paz, seu trabalho, seus "amigos", seu nome, mas jamais abalará seu caráter. Ser probo é ser invulgar. Ou seja, te incluirá em uma minoria que, talvez seja vista por meio de um "microscópio". Ninguém te ver, ninguém te olha, ninguém te dá a mínima atenção. Sabe porquê? Por que ninguém está interessado na verdade, à não ser, nos dogmatismos que são mais "fáceis de serem compreendidos". Assim é o mundo; assim são seus ocupantes. O planeta pede socorro de um mal que não tem cura. 


Por: Adriano Santos 
(18-02-2014)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A vida; rosas e espinhos

Um certo homem plantou uma rosa e passou a regá-la constantemente e, antes que ela desabrochasse, ele a examinou. Ele viu o botão que em breve desabrocharia, mas notou espinhos sobre o talo e pensou: "Como pode uma bela flor vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados?"

Entristecido por este pensamento, ele se recusou a regar a rosa, e, antes que estivesse pronta para desabrochar, ela morreu.


Assim é com muitas pessoas. Dentro de cada alma há uma rosa: as qualidades dadas por Deus e plantadas em nós crescendo em meio aos espinhos de nossas faltas. Muitos de nós olhamos para nós mesmos e vemos apenas os espinhos, os defeitos.

Nós nos desesperamos, achando que nada de bom pode vir de nosso interior. Nós nos recusamos a regar o bem dentro de nós, e, consequentemente, isso morre.

Nós nunca percebemos o nosso potencial. Algumas pessoas não veem a rosa dentro delas mesmas; Alguém mais deve mostrá-la a elas.

Um dos maiores dons que uma pessoa pode possuir ou compartilhar é ser capaz de passar pelos espinhos e encontrar a rosa dentro de outras pessoas. Esta é a característica do amor -- olhar uma pessoa e conhecer suas verdadeiras faltas.

Aceitar aquela pessoa em sua vida, enquanto reconhece a beleza em sua alma e ajuda-a a perceber que ela pode superar suas aparentes imperfeições.

Se nós mostrarmos a essas pessoas a rosa, Elas superarão seus próprios espinhos. Só assim elas poderão desabrochar muitas e muitas vezes.