sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Sonho

Já não consigo mais sonhar tendo o alvo que me motivava, não, não consigo mais seguir o caminho que tanto sonhei trilhar, sonhar, sorrir, chorar. Meu sonho se deteriora, por ora, agora, pra sempre. Sempre pensei, cantei, senti o mel, viajei no céu da sua boca, oca, sem rumo, sem vida, sofrida, nas asas do anjo, do amor, do sabor, do cheiro da idade, da saudade do seu dia, sendo um dia o seu guia, noite fria de calor, sem saber por onde fui, sozinho, com medo, segredo que não disse, vivendo, sonhando, morrendo, cantando, já não sinto a canção, já não bate o coração, já não tenho mais noção, já não sei se é tudo em vão, o fogo já não acende, já não tem mais o carvão, já não sinto o que é bom, já não ouço mais o som, já não ouço mais a batida, sinto saudade da partida, que um dia nunca foi, já não ouço mais um oi, era linda a melodia, era forte o que sentia, naquela noite bem fria, que não sei nem explicar, e nem sei mais expressar, e também não sei falar, já não posso nem mostrar, o que foi, o que será, o que era, o que não é, beleza é a mulher, pois o nome é feminino, feito um animal faminto, querendo alimentação, acelera o coração, batendo com toda força, que olhar perigoso moça, moço, rapaz, rapagão, já não sei se digo ou não, mas o tempo já passou, o meu sonho acabou, na fogueira de São João, morrendo por entre as brasas, logo na porta de casa, da casa do pesadelo, revelando o segredo, que agora eu vou contar, mas já não tenho tempo, pois justo nesse momento acabo de acordar.

domingo, 12 de outubro de 2014

Todos temos defeitos e limites


Um comerciante colocou um anúncio na porta de sua loja que dizia: "Cachorrinhos à venda."
Este tipo de anúncio sempre atrai crianças e logo um menino apareceu perguntando:
- Moço, qual o preço dos cachorrinhos?
O dono da loja respondeu:
- Custa entre 30 e 50 reais.
O menino colocou as mãos nos bolsos e tirou uma moedas.
- Eu só tenho 2 reais e 37 centavos, mas... Posso ver os cachorrinhos? - Perguntou o menino.
O comerciante deu um assovio e, em seguida, cinco filhotes apareceram. Mas um deles, que estava mancando, foi ficando pra trás.
O menino deu um sorriso e imediatamente apontou para o cachorro que mancava e perguntou:
- O que aconteceu com esse cachorrinho?
O comerciante explicou:
- Bem, quando esse filhote nasceu, o veterinário disse que ele tinha uma deficiência da perna esquerda e que, por isso, andaria mancando pelo resto da vida.
Emocionado o menino falou:
- Pois é esse cachorrinho que eu vou comprar!
O comerciante surpreso disse:
- Não, meu filho, você não vai comprar esse cachorro! Se realmente o quer, eu lhe dou de presente. Pra mim, esse cão não vale nada.
O menino não gostou do que ouviu e, olhando indignado para o comerciante, falou como se fosse um adulto.
- Eu não quero que o senhor me dê o cachorrinho de presente. Ele vale tanto quanto os outros. Eu vou pagar o preço todo. Agora eu só tenho 2 reais e 37 centavos, e todo mês vou lhe trazer 50 centavos até pagar o preço total dele! Tá bom?
O comerciante sem querer acreditar, respondeu:
- Eu não acredito que você quer, de verdade, comprar esse cão. Ele nunca será capaz de correr, saltar e brincar como os outros.
Ao ouvir aquelas palavras, o menino levantou a calça até o joelho e mostrou sua perna esquerda, que também tinha um deficiência, assim como a perna do cão que desejava comprar. Em seguida disse para o comerciante:
- Bom, eu também não posso correr muito bem, e o cachorrinho vai precisar de alguém que o entenda.
O comerciante, envergonhado, não conseguiu segurar o choro e, com muita dificuldade, falou:
- Ô, menino, espero que... Que cada um destes outros filhotes tenha um dono como você.

Lição de vida:
Nada pode se comparar a alguém que entende as diferenças e limitações. Porque afinal e contas, todos nós temos defeitos e limites.



Do livro: Hora do Show!

Eu até quero dizer, mas não sei o que falar



Quando tudo está difícil
Já não sei me expressar 
O doce já não é doce
E o bom passa a amargar
Pego o lápis para escrever
Eu até quero dizer
Mas não sei o que falar
Somem as palavras boas
Nem as ruins também não há
O vento que acalma o homem
Já não pode me acalmar
Tudo, eu vou escrever
Eu até quero dizer
Mas não sei o que falar
Fecho os olhos e junto as mãos
Imagino um bom lugar
Me aquece o coração
E faz o sangue pulsar
Minha vontade, meu querer
Eu até quero dizer
Mas não sei o que falar
Posso até tentar fazer
E depois tentar mostrar
E depois alguém dizer
Que isso jamais será
Não adianta eu querer
Sei que até quero dizer
Mas não sei o que falar
Então vou ficar quieto
Pois acho melhor calar
Não sei se o meu certo é certo
Ou se o seu certo é errar
Sei de mim, não de você
Posso até tentar dizer
Mas não sei o que falar

Autor: Adriano Santos